Lula recebe em Paris carta com 12 mil assinaturas que cobra sanções do Brasil contra Israel
Documento entregue por ativistas pede rompimento das relações diplomáticas e comerciais com Israel e suspensão de acordos militares e energéticos
247 - Durante sua visita oficial a Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu pessoalmente uma carta assinada por mais de 12 mil brasileiras e brasileiros, exigindo do governo federal ações concretas frente à ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza.
Organizado pelo movimento BDS Brasil (Boicote, Desinvestimento e Sanções), o documento pressiona o Brasil a adotar medidas firmes e imediatas, como o rompimento de relações diplomáticas e comerciais com Israel, a suspensão do acordo de livre comércio em vigor entre os dois países, além do embargo militar e energético. A mobilização vem ganhando peso político e social ao reunir o apoio de nomes proeminentes da cultura, do direito e da política brasileira.
Entre os signatários, estão artistas como Chico Buarque, Ney Matogrosso e Letícia Sabatella. O documento também conta com as assinaturas dos juristas Carol Proner e Paulo Sérgio Pinheiro, de Guilherme Estrella e do filósofo Vladimir Safatle. Parlamentares do PT e do Psol, como Guilherme Boulos, Erika Hilton, Sâmia Bomfim, Luiza Erundina e João Daniel, também aderiram ao chamado por sanções.
A carta tem o respaldo de importantes organizações da sociedade civil, entre elas a Central Única dos Trabalhadores (CUT), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a CSP-Conlutas, a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD), a FEPAL (Federação Árabe Palestina do Brasil), o Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal) e o coletivo Vozes Judaicas por Libertação. Esses grupos também marcaram um ato público para o dia 15 de junho, às 11h, em São Paulo, com o objetivo de pressionar o Executivo federal por uma mudança efetiva de postura.
A carta expressa apoio aos posicionamentos anteriores de Lula, mas sustenta que, diante da escalada da violência e das violações cometidas por Israel, é necessário ir além das declarações. “Seus pronunciamentos têm sido firmes e coerentes em solidariedade ao povo palestino”, reconhecem os autores, para em seguida afirmarem: “estamos convencidos uma vez mais que é hora de nosso país dar o exemplo de cumprimento do direito internacional”.
O documento recorda ainda que, em julho de 2024, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) reconheceu a obrigação de Estados terceiros adotarem medidas práticas, como sanções, diante do comportamento de Israel. A carta também cita a resolução aprovada pela Assembleia Geral da ONU em setembro do mesmo ano, da qual o Brasil foi signatário.
O texto denuncia que, mesmo após essas decisões, o Brasil continua exportando petróleo e negociando equipamentos militares com empresas israelenses. Por isso, os signatários pedem que o país cancele acordos em vigor, em especial o tratado de livre comércio, e se alinhe à recomendação de especialistas da ONU, que defendem o rompimento das relações econômicas, comerciais e acadêmicas com Israel enquanto perdurar o genocídio e a ocupação.
"É indispensável que o Brasil se junte às demais nações que aplicaram sanções ao regime israelense", reforça a carta, que continua aberta para novas adesões da sociedade brasileira e de entidades internacionais. Segundo os organizadores, o gesto de Lula pode servir como exemplo global e contribuir para uma onda internacional de pressão que ponha fim ao massacre em Gaza.
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