Irã acusa EUA de querer salvar Israel de condenação por genocídio em Gaza
Embaixador iraniano na ONU, Amir Said Iravani, condena veto norte-americano a cessar-fogo
247 - Em pronunciamento contundente, o Irã repudiou as recentes acusações dos Estados Unidos de que estaria fomentando a instabilidade no Oriente Médio. A resposta veio após o veto norte-americano a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pedia cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza, informa o canal Hispan TV .
A vice-embaixadora dos EUA na ONU, Dorothy Shea, justificou o veto afirmando que a proposta — apoiada por outros 14 membros do Conselho — “recompensa injustamente o terrorismo” e permitiria que o Irã “continue fomentando a instabilidade” na região. A declaração gerou forte reação do embaixador iraniano junto às Nações Unidas, Amir Said Iravani.
“Essas acusações são completamente infundadas e não têm validade nem base legal”, rebateu Iravani em cartas endereçadas ao Secretário-Geral da ONU, António Guterres, e à presidente do Conselho de Segurança, Carolyn Rodrigues-Birkett. Para ele, as declarações dos EUA têm como objetivo “proteger o regime israelense da responsabilidade por suas contínuas violações flagrantes do direito internacional” em Gaza.
O diplomata iraniano acusou Washington de instrumentalizar o Conselho de Segurança para desviar a atenção do genocídio em curso. “Em um momento em que o Conselho de Segurança deve agir com unidade e urgência para acabar com o sofrimento sem precedentes do povo palestino, que está suportando bombardeios implacáveis, deslocamento forçado, fome e a destruição sistemática da infraestrutura civil, é lamentável e vergonhoso que os Estados Unidos tenham mais uma vez escolhido obstruir o mandato do Conselho”, declarou.
Iravani criticou duramente o apoio contínuo dos EUA a Israel, afirmando que tal posição tem sido decisiva para a perpetuação da catástrofe humanitária em Gaza. “Os Estados Unidos, ao apoiarem mais uma vez o regime de ocupação e impedirem que seja responsabilizado, contribuíram ativamente para a continuação de uma campanha militar desastrosa que até agora matou dezenas de milhares de civis — principalmente mulheres e crianças — e levou Gaza à beira do colapso total.”
O embaixador reiterou que o apoio da República Islâmica do Irã à causa palestina é legítimo, respaldado pela Carta das Nações Unidas e por resoluções internacionais. Segundo ele, “culpar outros pelas consequências da campanha ilegal e brutal do regime sionista nada mais é do que uma distorção deliberada da realidade com o objetivo de exonerar esse regime de seus crimes”.
Para Iravani, a ausência de medidas decisivas contra Israel mina a credibilidade do sistema multilateral e encoraja a continuidade das atrocidades. “A falta de ações decisivas contra os crimes de guerra e a catástrofe humanitária em Gaza não apenas enfraquece a credibilidade do Conselho de Segurança, mas também abre caminho para a prática de novos crimes contra o povo palestino”, alertou.
Ele concluiu sua intervenção com um apelo urgente à comunidade internacional: “O Conselho de Segurança deve cumprir suas responsabilidades e agir imediatamente para acabar com a agressão brutal do regime sionista, levantar o cerco a Gaza, estabelecer um cessar-fogo imediato, garantir amplo acesso humanitário e acabar com o imenso sofrimento do povo palestino.”
Por fim, o embaixador deixou um recado direto à ONU e aos Estados-membros: “Abordagens seletivas, padrões duplos e considerações políticas não devem ter lugar diante de crimes tão generalizados.”
A posição do Irã ecoa as crescentes críticas de diversos países e organizações internacionais ao papel dos Estados Unidos no bloqueio de iniciativas diplomáticas que visam a contenção do conflito em Gaza. O presidente dos EUA, Donald Trump, ainda não se manifestou publicamente sobre a resposta do Irã às declarações de sua diplomacia.
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