"A extrema direita nunca mais voltará a governar este País", garante Lula
Em Paris, presidente reafirma combate ao negacionismo e celebra R$ 100 bilhões em investimentos franceses no Brasil nos próximos cinco anos
247 - Durante coletiva de imprensa concedida neste sábado (7), em Paris, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, com veemência, que a extrema direita não voltará ao comando do governo brasileiro. A declaração foi dada em resposta a uma pergunta da Folha de S.Paulo sobre a organização política para as eleições de 2026. “Estou olhando bem nos seus olhos: a extrema-direita não voltará a governar este país, sobretudo com um discurso negacionista, mentiroso, muitas vezes até canalha, sem respeitar pessoas, movimentos sociais, mulheres, negros, indígenas, ou seja, não vai ganhar”, disse Lula.
Embora tenha evitado antecipar nomes para as eleições futuras, o presidente foi taxativo quanto ao tipo de projeto político que pretende barrar. “Eles querem eleger a maioria no Senado, eu também quero. Eles querem eleger governadores, eu também quero. Agora eu posso dizer o seguinte: a extrema-direita não ganhará as eleições no Brasil. Não vai ser as fake news que vai fazer ela ganhar a eleição”, afirmou. Lula também garantiu que o momento de discutir candidaturas virá no tempo certo: “Quando chegar no momento certo a gente vai escolher os nossos candidatos.”
As declarações ocorreram durante viagem oficial à França, onde Lula celebrou a retomada do protagonismo internacional do Brasil e o fortalecimento das relações com uma das principais potências europeias. Ao lado de empresários e representantes do governo francês, o presidente anunciou o compromisso dos 15 maiores grupos empresariais da França de investirem R$ 100 bilhões no Brasil ao longo dos próximos cinco anos. “Estamos levando de volta ao Brasil o compromisso dos 15 maiores grupos da França de investirem R$ 100 bilhões no Brasil”, declarou. “Não sei quanto custou a viagem, mas sei o que estamos levando de volta”, completou, ao comentar o saldo positivo da missão.
De acordo com Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, o valor superou as expectativas iniciais da comitiva brasileira. “Se antes da missão as expectativas eram de que esse valor chegaria a R$ 70 bilhões nos próximos anos, agora saímos muito satisfeitos com a previsão dos próprios empresários franceses de que os investimentos franceses no Brasil podem ser de R$ 100 bilhões em cinco anos.” Segundo o Banco Central, o estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) da França no Brasil saltou 41% em 2023, alcançando US$ 78,4 bilhões.
Lula também aproveitou a viagem para cobrar maior ambição do Brasil nas relações diplomáticas e comerciais. “Vim aqui fazer negócios”, disse, acrescentando que propôs ao presidente Emmanuel Macron a ampliação do fluxo comercial entre os dois países, que hoje gira em torno de US$ 9 bilhões. “Disse ao Macron que nosso fluxo comercial, entre o Brasil, que é a oitava economia do mundo, e a da França, que é a quinta, seja apenas de US$ 9 bilhões”, lamentou.
Além disso, o presidente demonstrou interesse em fortalecer parcerias estratégicas com a França em áreas como defesa e tecnologia. “Também temos interesse em fazer um acordo com a França para a produção de helicópteros da Helibrás para atender as necessidades do Brasil e da América Latina.”
Em tom crítico, Lula comentou a postura de setores da elite brasileira diante de países desenvolvidos. “O Brasil às vezes se comporta diante dos países europeus como se fôssemos colonizados, como se nossa relação fosse subserviente. O Brasil precisa deixar de ser pequeno. Os nossos embaixadores precisam pensar grande. A gente não é menor do que ninguém”, disse. E completou: “Acabou o momento em que o Brasil não era levado em conta. O Brasil hoje se faz respeitar. Nós somos do Sul Global e não devemos nada a ninguém”.
Lula também antecipou parte de sua agenda internacional. Após a reunião do BRICS, marcada para os dias 6 e 7 de julho, o Brasil receberá os chefes de Estado da Índia, Egito e Indonésia. Ainda em junho, o presidente participará de um encontro em Mônaco sobre o futuro dos oceanos. “Vocês acham que é só o Galvão Bueno que vai para Mônaco?”, brincou.
Ele destacou a importância da economia azul e da responsabilidade ambiental global. “Precisamos defender a economia azul, preservar os oceanos e preparar o Brasil para realizar uma grande COP30. O mundo rico, que se industrializou há muitos anos, precisa pagar uma conta para o mundo se descarbonizar.” Lula ainda comentou que pretende telefonar ao ex-presidente Donald Trump, caso ele diga que não participará do evento. “Eu vou dizer: cara, o Brasil é importante e nós precisamos debater a questão ambiental.”
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