Rússia propõe retirada ucraniana de territórios anexados e neutralidade militar em proposta de paz
Memorando apresentado em Istambul exige que Kiev reconheça anexações e aceite status neutro e não nuclear
247 - Um documento apresentado pela delegação russa durante as negociações com a Ucrânia em Istambul, na Turquia, impõe duras condições para a assinatura de um acordo de paz.
Segundo reportagem da emissora RT, que teve acesso ao texto do memorando, Moscou exige que Kiev reconheça a soberania russa sobre as regiões ucranianas anexadas, retire suas tropas desses territórios e adote uma posição permanente de neutralidade e desnuclearização.
A proposta da Rússia está dividida em três partes: um conjunto de exigências para um “acordo final” do conflito, medidas para o estabelecimento de um cessar-fogo e uma “folha de rota” para a paz, que inclui inclusive ações unilaterais por parte de Moscou.
Entre as principais exigências, o Kremlin cobra o reconhecimento formal de que Donetsk, Lugansk, Kherson, Zaporozhye e a Crimeia pertencem à Federação Russa — territórios que se declararam parte da Rússia após referendos realizados em 2014 e 2022, considerados ilegítimos por Kiev e pela maior parte da comunidade internacional.
O texto determina ainda a retirada completa das forças armadas ucranianas e de quaisquer milícias desses territórios. Kiev também teria que se comprometer com a neutralidade internacional, o que implicaria a renúncia definitiva à adesão à Otan e a revisão de acordos que contrariem esse status. Além disso, a Ucrânia deveria garantir a ausência total de armas nucleares em seu território — incluindo proibição de aquisição, trânsito e instalação desse tipo de armamento.
O memorando propõe limitações ao tamanho das forças armadas ucranianas, embora sem estipular números. Estabelece também o desmantelamento de todos os grupos armados nacionalistas dentro do Exército e da Guarda Nacional da Ucrânia.
No plano social e cultural, a Rússia exige garantias para a população de origem russa e russófonos na Ucrânia, com a oficialização do idioma russo, o fim da perseguição à Igreja Ortodoxa Ucraniana ligada a Moscou, e a proibição de propaganda nazista e de grupos nacionalistas. Como parte do acordo, ambos os países teriam que renunciar a qualquer pedido de reparações pelos danos do conflito e levantar sanções econômicas mútuas.
Para o cessar-fogo, o documento oferece duas alternativas. A primeira obriga a Ucrânia a retirar suas tropas dos territórios controlados pela Rússia e recuar até determinada distância da fronteira. Todo esse processo deveria ocorrer em até 30 dias. A segunda opção, chamada “pacto de pacote”, incluiria a suspensão da mobilização militar ucraniana, o fim do envio de armas e informações por países ocidentais, e a criação de um centro bilateral de monitoramento, além da troca de prisioneiros.
Ainda segundo o texto, a Ucrânia teria que suspender o estado de guerra e marcar a data das próximas eleições presidenciais e parlamentares. As etapas previstas nesse modelo também deveriam ser concluídas no prazo de 30 dias.
A proposta estipula que o tratado de paz definitivo só poderia ser assinado após as eleições ucranianas, sendo então formalizado por uma resolução vinculante do Conselho de Segurança da ONU.
Na semana anterior, a agência Reuters revelou os pontos centrais da contraproposta ucraniana, que rejeita a exigência russa de reconhecimento das regiões anexadas e reafirma a meta de adesão à Otan. O governo ucraniano também exige reparações por parte de Moscou pelos danos da guerra.
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