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      Importações dos EUA desabam em abril com avanço de tarifas sob Trump

      Déficit comercial do país cai 55% após medidas tarifárias; economistas alertam para impacto negativo sobre empregos e consumo

      Guindastes no Porto de Los Angeles estão vazios de navios de carga, como mostrado por um drone em San Pedro, Califórnia, EUA, em 13 de maio de 2025 (Foto: REUTERS/Mike Blake)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - As importações norte-americanas despencaram em abril, marcando a maior queda mensal já registrada nos Estados Unidos, segundo dados do Departamento de Comércio e análise da Moody’s Analytics. A reportagem foi publicada originalmente pelo The New York Times.

      A retração de 16,3% em relação a março está diretamente ligada à antecipação das compras no primeiro trimestre, quando empresas correram para internalizar mercadorias antes que as tarifas comerciais prometidas pelo presidente Donald Trump entrassem em vigor. Esse movimento resultou em um salto histórico tanto nas importações quanto no déficit da balança comercial nos três primeiros meses do ano.

      Com a entrada das tarifas, a demanda por produtos estrangeiros caiu abruptamente. Houve redução significativa nas compras de medicamentos da Irlanda e da Suíça, de celulares chineses, e de veículos e autopeças oriundos de México, Canadá, Japão e Coreia do Sul. Também foram cortadas aquisições de máquinas e insumos industriais, com destaque para a queda nas importações da China, que atingiram o menor nível em cinco anos.

      Apesar da retração nas importações, as exportações cresceram 3% no mesmo período, impulsionadas pela saída de reservas de ouro, estocadas por investidores temerosos de restrições futuras ao comércio do metal precioso por parte do governo Trump.

      Mesmo com leve alta no setor de turismo, que movimentou US$ 300 milhões a mais, analistas preveem queda nos próximos meses, com possível diminuição do fluxo de visitantes estrangeiros.

      Com o novo cenário, o déficit comercial norte-americano recuou de um recorde de US$ 138,3 bilhões em março para US$ 61,6 bilhões em abril — uma redução de mais de 55% em apenas um mês, também a maior já registrada.

      Desde que assumiu seu segundo mandato em janeiro, o presidente Donald Trump vem elevando as tarifas de importação a níveis inéditos em quase um século, como parte de sua estratégia para "repatriar" a produção industrial. Embora algumas taxas tenham sido suspensas temporariamente para negociações, muitas devem ser retomadas em julho, caso não haja acordos comerciais.

      “A grande oscilação no déficit comercial reflete a guerra comercial global”, afirmou Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics. “Com as tarifas, as importações de bens colapsaram em abril, levando a um déficit comercial muito menor.”

      Zandi reconhece que um déficit reduzido pode elevar o Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, já que o déficit é subtraído do cálculo. No entanto, ele fez um alerta: “As tarifas mais altas dos EUA interromperam severamente o comércio global, o que logo se refletirá em preços mais altos para diversos produtos consumidos pelos americanos, prejudicando seu poder de compra e, consequentemente, a economia em geral.”

      O governo Trump insiste na ideia de que o desequilíbrio comercial — a diferença entre o que o país importa e exporta — representa uma fragilidade econômica e um risco à segurança nacional. A meta da Casa Branca é reduzir a dependência de produtos estrangeiros e estimular a produção local, especialmente em setores estratégicos.

      Contudo, diversos economistas contestam a visão do governo. Para eles, o déficit não é, por si só, um indicativo de fraqueza econômica, pois pode variar por diversos motivos legítimos. Também apontam que as importações estão fortemente ligadas à geração de empregos nos Estados Unidos.

      Patrick Anderson, CEO da Anderson Economic Group, destacou que os impactos das tarifas foram particularmente severos sobre o setor automotivo. “As tarifas impostas em abril fizeram com que tanto as exportações quanto as importações de veículos, peças e motores caíssem em bilhões de dólares”, explicou. Segundo ele, a queda afeta diretamente trabalhadores das áreas de logística, produção e varejo.

      Para Anderson, o número expressivo do novo déficit não deve ser encarado como progresso. “A política tarifária é como um martelo. E ele acabou de atingir a bigorna da economia norte-americana”, resumiu.

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