Após bate-boca público com Musk, Trump ameniza: "está tudo bem"

247 - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, procurou nesta sexta-feira (6) desarmar a tensão com o bilionário Elon Musk, após uma sequência de críticas mútuas entre os dois nas redes sociais. Em declaração ao site Politico, segundo o jornal O Globo, Trump afirmou: “está tudo bem”, referindo-se à sua relação com Musk, que já foi um de seus principais aliados políticos. De acordo com a publicação, que obteve a informação após uma ligação com o próprio presidente, há uma tentativa em curso para a reaproximação entre os dois, incluindo um encontro previsto para esta sexta.

Segundo o Politico, assessores da Casa Branca intervieram na crise ao convencer Trump a adotar um tom mais moderado, a fim de evitar que o conflito se intensificasse. Fontes ouvidas pelo veículo relataram que uma ligação entre Trump e Musk está agendada, com o objetivo de pacificar os ânimos. Por outro lado, a agência Reuters afirma que "apesar dos esforços dos assessores da Casa Branca para conseguir uma trégua", Musk e Trump não devem conversar.

"Uma autoridade da Casa Branca disse à Reuters que nenhuma ligação estava planejada para sexta-feira. Uma autoridade da Casa Branca havia dito anteriormente que os dois se falariam nesta sexta-feira. Um telefonema poderia amenizar a disputa após um dia de hostilidades -- em grande parte conduzido pelas redes sociais -- que marcou o fim de uma aliança estreita", reporta a Reuters.

O rompimento, que parecia iminente, se acentuou após duras críticas de Musk ao projeto orçamentário defendido por Trump, que o empresário classificou como uma “abominação” e um risco para o equilíbrio fiscal do país.

A tensão ganhou visibilidade após Trump usar sua rede social, a Truth Social, para rebater os ataques. “Vejam, Elon e eu tínhamos um ótimo relacionamento. Não sei se ainda teremos. Fiquei chocado”, disse o presidente a repórteres. Ainda segundo Trump, Musk havia “enlouquecido” após uma decisão desfavorável à indústria de veículos elétricos. O comentário foi entendido como uma resposta direta às críticas do bilionário.

Musk, que chegou a integrar uma comissão de corte de gastos criada por Trump — apelidada de DOGE — foi exonerado recentemente de suas funções. Ele não poupou o presidente e declarou que, sem sua ajuda financeira, Trump teria perdido a eleição de 2024. Estima-se que Musk tenha desembolsado cerca de US$ 300 milhões durante a campanha.

Em um tom ainda mais agressivo, Musk alegou, sem apresentar provas, que o nome de Trump estaria vinculado ao polêmico dossiê de Jeffrey Epstein, financista acusado de crimes sexuais que morreu na prisão em 2019. A Casa Branca reagiu, classificando os ataques como “lamentáveis”.

Durante conversa com jornalistas no Salão Oval, Trump recordou que Musk “costumava dizer coisas maravilhosas” sobre ele, mas lamentou que “alguns dos que deixam o governo se tornam hostis”. As declarações vieram poucos dias após a demissão oficial de Musk de seu cargo na comissão de eficiência do governo.

A crise entre os dois homens mais influentes da política e da tecnologia nos EUA expõe os limites da aliança entre o poder público e o setor privado. A tentativa de reaproximação agendada para esta sexta-feira poderá indicar se o distanciamento é definitivo ou apenas mais um capítulo de uma relação marcada por interesses cruzados.