TV 247 logo
      Marcia Tiburi avatar

      Marcia Tiburi

      Professora de Filosofia, escritora, artista visual

      129 artigos

      HOME > blog

      A retórica neonazi de Trump

      Trump segue hipnotizando pelo medo

      Donald Trump (Foto: Reuters)

      Donald Trump fez um discurso de quase duas horas seguindo a retórica neonazista que o caracteriza e aos seus assemelhados e que se intensifica muito mais nesse novo mandato. Deputados democratas seguravam cartazes de protesto e olhos assustados no líder desqualificado. Al Green, representante do Texas, foi expulso ao vaiar Trump. Lembrou Jean Wyllys heroicamente cuspindo em Bolsonaro em abril de 2016 quando poucos acreditavam no que viria pela frente. Sempre é preciso ser herói, ainda que só quem tem dignidade reconheça que há heróis. Ao mesmo tempo, a dignidade não é algo que vale na política e, muito menos,  no neoliberalismo quando tudo é transformado e rebaixado à mercadoria. Nesses contextos, vale o “mérito”, esse operador linguístico que serve para apagar desigualdades reais. A retórica do mérito está sendo usada agora, mas não será mais usada adiante quando se partir para uma perseguição e matança mais profundas. Melhor não deixar chegar a nesse nível de destruição da democracia. Mas como todo mundo já sabe, o fascismo é um gérmen que está no interior da democracia. Não se deve usar a doença como metáfora, mas nesse caso está valendo falar da doença política. É preciso tratar dele cedo, antes que tome o corpo e a morte seja inevitável. 

      Afinal, como disse Donald Trump, tudo isso “está apenas começando”. O presidente dos EUA, um dos países mais infelizes do mundo nesse momento, voltou a defender nesse novo velho discurso, as políticas antieconômicas de taxas alfandegárias impostas ao Canadá, México e China; seguiu falando do seu desejo de anexar a Groenlândia e retomar o Panamá. Aproveitou para xingar o governo Biden como um “pesadelo inflacionário”. Ele também defendeu seu garoto propaganda, seu boneco de ventríloquo que é o Elon Musk. Como bom macho nazifascista ele falou contra a população LGBTQIA+ e que os EUA “não será mais woke”, afinal a retórica psicopolítica precisa desses artifícios para criar ódio contra uma minoria tratada como inimiga. Não há nazifascismo sem inimigos criados à maneira populista.

      Por fim, Trump falou como um Hitler na linha da dominação do planeta. A megalomania delirante compõe o discurso grotesco que tem efeitos de poder. A motosserra que Milei deu a Elon Musk há poucos dias, teve o mesmo objetivo: fazer a cena de encantamento das massas pelo pânico. Trump usa a motosserra das palavras. 

      No meio da bagunça do congresso dos EUA, uma deputada segurava uma placa onde estava escrito “isso não é normal”. Sua expressão era de pavor. Talvez ela saiba que, no contexto do ridículo político, o capital simbólico essencial é o grotesco. As falas e os gestos aberrantes conseguem colocar todos em estado de hipnose. 

      Quem segue acordado tem o dever de alertar. 

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      Rumo ao tri: Brasil 247 concorre ao Prêmio iBest 2025 e jornalistas da equipe também disputam categorias

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

      Cortes 247

      Relacionados

      Carregando anúncios...
      Carregando anúncios...