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      Ministro da Fazenda da Colômbia propõe suspender regra fiscal: “Não é o caminho certo”

      Germán Ávila diz que rigidez fiscal ameaça o crescimento econômico e defende corte mais agressivo nos juros

      Ministro da fazenda da Colômbia, Germán Ávila Plazas (Foto: Divulgação/Ministério da Fazenda da Colômbia)
      Luis Mauro Filho avatar
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      247 - Durante discurso realizado em Cartagena, o ministro da Fazenda da Colômbia, Germán Ávila, sinalizou que o país deve suspender a regra fiscal vigente. 

      Ávila argumentou que seguir a norma “como se fosse uma religião” comprometeria a capacidade do Estado de operar e frearia a economia colombiana.

      “Não acreditamos que esse seja o caminho certo”, declarou o ministro. “Devem ser feitos esforços para promover um ajuste fiscal de forma razoável, prudente, sem interromper o crescimento econômico que estamos vivenciando, dentro de um prazo compatível.”

      Regras podem ser flexibilizadas

      A regra fiscal — introduzida em 2011 para limitar o endividamento público e fortalecer a confiança dos mercados — há anos é vista como um pilar da política econômica colombiana. No entanto, Ávila afirmou que o governo irá ultrapassar os limites estabelecidos por essa âncora fiscal e indicou que será inevitável um aumento do nível de endividamento do país. Segundo ele, há “alternativas legais e institucionais” para garantir esse movimento.

      O ministro também revelou ter mantido conversas com dois organismos multilaterais na última sexta-feira, que ofereceram ao país cerca de US$ 2,5 bilhões em empréstimos com “juros bastante razoáveis”.

      Pressão sobre o banco central

      Além do debate fiscal, Ávila reforçou críticas à condução da política monetária. Para ele, o banco central ainda tem espaço para reduzir a taxa básica de juros em até quatro pontos percentuais e deveria agir com maior ousadia. A última decisão do Comitê de Política Monetária reduziu a taxa em apenas 0,25 ponto, para 9,25% ao ano — um movimento que o ministro classificou como “tímido”.

      “É necessário continuar pressionando o banco central para que isso aconteça”, afirmou. Segundo Ávila, cortes mais robustos ajudariam a impulsionar o crescimento econômico e reduziriam o custo do serviço da dívida pública. Ele integra o comitê de política monetária como um dos sete membros com direito a voto.

      Reação negativa do mercado

      As declarações do ministro foram feitas após o fechamento dos mercados, mas rapidamente influenciaram os ativos do país. Os títulos soberanos colombianos denominados em dólar lideraram as perdas entre os mercados emergentes na sexta-feira. O peso colombiano chegou a desvalorizar 1,2% no dia, embora tenha encerrado a sessão com variação próxima da estabilidade. Rumores sobre a suspensão da regra fiscal já circulavam na imprensa local.

      Alerta internacional

      Apesar do discurso do governo, instituições como o Banco Central da Colômbia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e a agência de classificação de risco Moody’s têm manifestado preocupação com o avanço da dívida pública colombiana. A deterioração das contas levou à renúncia de um ministro da Fazenda em março deste ano. O presidente Gustavo Petro, por sua vez, resiste a reduzir gastos em meio à proximidade das eleições parlamentares e presidenciais previstas para 2026.

      O Comitê Fiscal colombiano deverá apresentar um novo plano orçamentário na próxima semana, segundo Ávila. A regra fiscal tem sido, até aqui, o principal parâmetro para a elaboração de propostas orçamentárias.

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